Em reunião do Parlamento Regional, especialistas anunciam que crise hídrica pode agravar-se em 2015
O que já está ruim poderá ficar muito pior no próximo ano. A avaliação da professora Silvia Regina Gobbo, da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) que levou para a reunião do Parlamento Regional do Aglomerado Urbano (Praup), em Conchal, dados técnicos sobre a previsão já divulgada pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM). “Desta vez, o problema estará associado ao fenômeno El Niño. A seca não vai terminar neste ano. Em 2015 teremos diminuição de 20% das chuvas”, alertou a professora.
A Câmara Municipal foi representada no encontro pelo seu presidente Agnelo Matos e vereadores Júlio Lopes e Geraldo Voluntário. A mesa principal foi formada pelo presidente do Praup, Ronei Martins, Agnelo Matos (Rio Claro), a professora Silvia Gobbo, Nilton de Praga da Silva (Conchal), promotor público Ivan Castanheiro (Gaema-Piracicaba) e por Rui Brasil Assis que representou a Secretaria de Estado de Recursos Hídricas de São Paulo.
Na avaliação do promotor Ivan Castanheiro os municípios precisam elaborar plano de emergência o quanto antes. Ele avalia a situação como crítica. A seu ver, sem colocar em prática trabalho de proteção e conservação do meio ambiente, principalmente no que diz respeito às nascentes de rios, as cidades caminham a passos largos para conviver com problemas graves na área de abastecimento de água. “É preciso ter a clareza de que vivemos um momento de emergência”, citou.
Ciente da importância das áreas verdes, no que diz respeito ao processo de contenção e evaporação da água para manter a atmosfera úmida, Agnelo Matos questionou a professora Silvia sobre o elevado número de canaviais existentes no Estado de São Paulo, principalmente na região central onde encontra-se Rio Claro. “Estas áreas verdes contribuem para amenizar a crise hídrica?”, indagou.
De acordo com Silvia Gobbo os canaviais pouco contribuem para a retenção da água da chuva ou no processo de evaporação. “Para que isso ocorra é preciso ter vegetação com folhas maiores”, alertou.
Agnelo questionou também sobre a verticalização das moradias, principalmente as populares que concentram elevado número de pessoas. Silvia Gobbo observou que próximo a estas localidades é preciso ter áreas verdes.
Geraldo Voluntário avaliou o relato sobre a crise hídrica da professora Silvia como alarmante. “As pessoas neste momento mantêm expectativa dia após dia que as chuvas vão chegar colocando um ponto final nesta crise. A população precisa saber que há o risco desta situação se estender em 2015. Estamos diante de um grave problema”, disse o parlamentar.
Presidente do Conselho Fiscal da Bacia do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), Júlio Lopes iniciou a sua fala abordando o projeto aprovado pela Câmara Municipal na última segunda-feira, 17. O texto refere-se à construção de bacias de contenção ou represas para que o município possa se preparar para longos períodos de seca. “Há muito tempo defendo que até cidades como Rio Claro, que se encontra em situação geográfica privilegiada devido à proximidade das nascentes dos rios Corumbataí e Ribeirão Claro, adotem medidas que possam levar a redução drástica no consumo de água”, disse o parlamentar na reunião.
Júlio Lopes também defendeu na reunião que o produtor rural receba compensação financeira para preservar as nascentes de rios e que as concessionárias que atuam na área de saneamento básico utilizam água de reuso para o serviço de limpeza das tubulações.
O Praup realizará a última reunião deste ano no dia 9 de dezembro em Charqueada.